Leia o soneto “O caminho do morro”, do poeta parnasiano Alberto de Oliveira, para responder às questões de 01 a 3.
Guiava à casa do morro, em voltas, o caminho,Até lhe ir esbarrar com as orlas do terreiro;Dava-lhe o doce ingá¹, rachado ao sol, o cheiro,E um rumor de maré o cafezal vizinho.Quanta vez o subi, buscando a um guaxe² o ninho,Ou, saltando, o desci com o regato ligeiro,Para voar num balanço, embaixo, o dia inteiro,E ver girar, zonzando, as asas de um moinho!De setembro até março uma colcha de floresTapetava-o. Reluz-lhe em poças de água o céu;Das folhas sobre o saibro os orvalhos escorrem...Mas morreram na casa, em cima, os moradores,Morreu, caindo, a casa, o moinho morreu,O caminho morreu... Até os caminhos morrem!
(Sânzio de Azevedo (org.). Parnasianismo, 2006.)
¹ ingá: uma fruta.
² guaxe: uma espécie de ave.
(01. QUESTÃO) - No soneto, o eu lírico mostra-se
a) ambíguo e contraditório.
b) arrependido e desolado.
c) aborrecido e inconformado.
d) dissimulado e irônico.
e) nostálgico e melancólico.
(02. QUESTÃO) - A poesia parnasiana afasta-se da poesia romântica por ser
mais contida do que efusiva e emotiva. Pode ser
considerado menos efusivo e emotivo o seguinte verso:
a) “Quanta vez o subi, buscando a um guaxe o ninho,”
(2ª estrofe)
b) “Guiava à casa do morro, em voltas, o caminho,”
(1ª estrofe)
c) “Ou, saltando, o desci com o regato ligeiro,”
(2ª estrofe)
d) “E ver girar, zonzando, as asas de um moinho!”
(2ª estrofe)
e) “O caminho morreu... Até os caminhos morrem!”
(4ª estrofe)
(03. QUESTÃO) - No soneto, está empregado em sentido figurado o seguinte verbo:
a) “Reluz” (3ª estrofe).
b) “escorrem” (3ª estrofe).
c) “Tapetava” (3ª estrofe).
d) “desci” (2ª estrofe).
e) “girar” (2ª estrofe).
(01. QUESTÃO) - E
Nos versos, o eu lírico descreve saudosamente o
caminho do morro por ele percorrido, onde, no
passado, encontrava frutas, sentia o cheiro do cafezal,
subia nas árvores, descia pelo regato, observava as
flores. No entanto, no momento presente, nada mais há
desse tempo longínquo, nem mesmo os moradores. A
morte dos habitantes e a destruição desse ambiente
trazem forte melancolia e nostalgia ao eu poemático.
(02. QUESTÃO) - B
No verso inicial, do soneto, o eu lírico limita-se à
informação de que “o caminho guiava à casa do
morro”, sem apresentar qualquer indício de
emotividade ou tom efusivo. Nas demais alternativas,
o emprego da primeira pessoa do singular e o tom
exclamativo evidenciam nos versos a função emotiva
ou expressiva.
(03. QUESTÃO) - C
Tapetar está empregado no sentido figurado,
simboliza a grande quantidade de flores que de
setembro até março cobria o caminho percorrido pelo
eu lírico. No sentido literal, tapetar significa cobrir
com tapete.
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