(UNIFESP) - QUESTÕES

Leia o soneto de Cláudio Manuel da Costa para responder às questões de números 01 a 04.

Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
(Obras, 1996.)

(01. QUESTÃO) - São recursos expressivos e tema presentes no soneto, respectivamente, 
a) metáforas e a ideia da imutabilidade das pessoas e dos lugares. 
b) sinestesias e a superação pelo eu lírico de seus maiores problemas. 
c) paradoxos e a certeza de um presente melhor para o eu lírico que o passado. 
d) hipérboles e a força interior que faz o eu lírico superar seus males. 
e) antíteses e o abalo emocional vivido pelo eu lírico.

(02. QUESTÃO) - No soneto, o eu lírico expressa-se de forma 
a) eufórica, reconhecendo a necessidade de mudança. 
b) contida, descortinando as impressões auspiciosas do cenário. 
c) introspectiva, valendo-se da idealização da natureza. 
d) racional, mostrando-se indiferente às mudanças. 
e) reflexiva, explorando ambiguidades existenciais.

(03. QUESTÃO) - No contexto em que estão empregados, os termos sítio (1.º verso), tímido (4.º verso) e perpétua (10.º verso) significam, respectivamente, 
a) acampamento, imaturo e permanente. 
b) campo, fraco e imprescindível. 
c) fazenda, obscuro e frequente. 
d) lugar, receoso e eterna. 
e) imediação, inseguro e duradoura.

(04. QUESTÃO) - Nesse soneto, são comuns as inversões, como se vê no verso – Quanto pode dos anos o progresso! – que, em ordem direta, assume a seguinte redação: 
a) Quanto dos anos o progresso pode! 
b) O progresso quanto pode dos anos! 
c) Pode quanto dos anos o progresso! 
d) Quanto o progresso dos anos pode! 
e) Pode quanto o progresso dos anos!



(01. QUESTÃO) - E
A rigor, o poema apresenta apenas uma antítese: florescentes/decadentes. Há, é verdade, contrastes, que exprimem os estados de espírito opostos do eu lírico – antes feliz, agora infeliz.

(02. QUESTÃO) - E
O poema apresenta a contenção expressiva típica do neoclassicismo (não há o preciosismo barroco nem a expressão emocional intensificada dos românticos) e explora tematicamente os estados contrastantes da existência, responsáveis pela ambiguidade da percepção (o que era belo no passado para o sujeito feliz hoje parece feio para o infeliz). 

(03. QUESTÃO) - D
Sítio significa “espaço, lugar”; tímido é da mesma raiz de temor (do latim timor, timoris, “medo, receio”); perpétuo é “o que dura sempre, eterno”.

(04. QUESTÃO) - D
A ordem direta consiste na sequência sujeito (com seus adjuntos: “o progresso dos anos”) – verbo (“pode”). A posição do advérbio quanto poderia ser outra: O progresso dos anos quanto pode!

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