Leia o poema de Leonor de Almeida Portugal Lorena e
Lencastre, também conhecida como Marquesa de Alorna,
para responder às questões de 01 a 04
Retratar a tristeza em vão procuraQuem na vida um só pesar não sente,Porque sempre vestígios de contenteHão-de apar’cer por baixo da pintura:Porém eu, infeliz, que a desventuraO mínimo prazer me não consente,Em dizendo o que sinto, a mim somente,Parece que compete esta figura.Sinto o bárbaro efeito das mudanças,Dos prazeres o mais cruel pesar,Sinto do que perdi tristes lembranças;Condenam-me a chorar, e a não chorar,Sinto a perda total das esperanças,E sinto-me morrer sem acabar.
(Marquesa de Alorna. Sonetos, 2007.)
01. QUESTÃO - Na primeira estrofe, o eu lírico explora, sobretudo, a seguinte oposição:
a) razão x loucura.
b) abstração x concretude.
c) essência x aparência.
d) determinação x hesitação.
e) consideração x indiferença.
02. QUESTÃO - Os sujeitos dos verbos “procura” e “sente” (ambos na
1.a estrofe) são, respectivamente,
a) “Retratar a tristeza” e “Quem”.
b) “Retratar a tristeza” e “um só pesar”.
c) “em vão” e “um só pesar”.
d) “Quem na vida um só pesar não sente” e “um só
pesar”.
e) “Quem na vida um só pesar não sente” e “Quem”.
03. QUESTÃO - Uma característica do poema que antecipa a estética
romântica é
a) a predileção pela forma fixa.
b) o tom socialmente engajado.
c) o ideal da impessoalidade.
d) a ênfase na expressão subjetiva.
e) o retrato bucólico da paisagem.
04. QUESTÃO - O eu lírico recorre a um enunciado paradoxal no seguinte
verso:
a) “Sinto o bárbaro efeito das mudanças,” (3ª estrofe)
b) “Dos prazeres o mais cruel pesar,” (3ª estrofe)
c) “O mínimo prazer me não consente,” (2ª estrofe)
d) “Quem na vida um só pesar não sente,” (1ª estrofe)
e) “Sinto do que perdi tristes lembranças;” (3ª estrofe)
01. QUESTÃO - C
Há a oposição entre a essência, a felicidade interior, e
a aparência, a manifestação um tanto inconvincente
do pesar, da tristeza.
02. QUESTÃO - E
Como costuma ocorrer em poesia, as orações estão em
ordem inversa, assim a oração “Quem na vida um só
pesar não sente” é oração subordinada substantiva
subjetiva da forma verbal “procura” e o sujeito de
“sente” é o pronome “quem”, que inicia a frase em
que o verbo servir se encontra.
03. QUESTÃO - D
Nesse soneto, a expressão subjetiva é recorrente. Há a
reiteração do pronome de primeira pessoa do singular
[“eu”, “me”, “me” (eu) sinto].
04. QUESTÃO - B
Nota-se a aproximação de significados opostos entre
as palavras “prazeres” e “cruel pesar”. Esse
contrassenso fica mais evidente quando se coloca esse
verso na ordem direta: o mais cruel dos prazeres.
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