As questões de 01 a 04 tomam por base uma crônica de
Luís Fernando Veríssimo.
A invasão
A divisão ciência/humanismo se reflete na maneira
como as pessoas, hoje, encaram o computador. Resiste-
-se ao computador, e a toda a cultura cibernética, como
uma forma de ser fiel ao livro e à palavra impressa. Mas
o computador não eliminará o papel. Ao contrário do que
se pensava há alguns anos, o computador não salvará as
florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e
não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada
no mercado corresponde um manual de instrução, sem
falar numa embalagem de papelão e num embrulho para
presente. O computador estimula as pessoas a escreverem e imprimirem o que escrevem. Como hoje qualquer
um pode ser seu próprio editor, paginador e ilustrador sem
largar o mouse, a tentação de passar sua obra para o papel é quase irresistível.
Desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo,
o que não tem nada a ver com conteúdo ou conveniência. Até que lancem computadores com cheiro sintetizado,
nada substituirá o cheiro de papel e tinta nas suas duas
categorias inimitáveis, livro novo e livro velho. E nenhuma
coleção de gravações ornamentará uma sala com o calor
e a dignidade de uma estante de livros. A tudo que falta
ao admirável mundo da informática, da cibernética, do virtual e do instantâneo acrescente-se isso: falta lombada.
No fim, o livro deverá sua sobrevida à decoração de interiores.
(O Estado de S.Paulo, 31.05.2015.)
01. QUESTÃO - De acordo com o cronista, a ideia que se tinha há alguns
anos, de redução de consumo de papel em razão do emprego generalizado de computadores, revelou-se
(A) plausível.
(B) improcedente.
(C) comprovável.
(D) imponderável.
(E) procedente.
02. QUESTÃO - Os termos “o uso do papel” e “um manual de instrução”
(1º
parágrafo) se identificam sintaticamente por exercerem nas respectivas orações a função de
(A) objeto direto.
(B) predicativo do sujeito.
(C) objeto indireto.
(D) complemento nominal.
(E) sujeito.
03. QUESTÃO - Em “falta lombada” (2º
parágrafo), o cronista se utiliza,
estilisticamente, de uma figura de linguagem que
(A) representa uma imagem exagerada do que se quer exprimir.
(B) se baseia numa analogia ou semelhança.
(C) emprega a palavra que indica a parte pelo todo.
(D) emprega a palavra que indica o todo pela parte.
(E) se baseia na simultaneidade de impressões sensoriais.
04. QUESTÃO - Com a frase "No fim, o livro deverá sua sobrevida à decoração de interiores" (2º
parágrafo), o cronista sugere que
(A) o interesse pela leitura, a longo prazo, tenderá a desaparecer.
(B) o livro se transformará numa antiguidade para colecionar.
(C) os objetos de decoração serão, aos poucos, substituídos por livros.
(D) a decoração de interiores garantirá a sobrevivência
do livro.
(E) a decoração de interiores continuará existindo em
função dos livros.
01. QUESTÃO - B
O trecho que confirma ser improcedente, sem funda -
mento, a afirmação de que haveria redução do consumo de papel encontra-se em: “Aumentou o uso de
papel em todo o mundo”.
02. QUESTÃO - E
O uso do papel é sujeito do verbo aumentar; um
manual de instrução, do verbo corresponder.
03. QUESTÃO - C
Lombada significa “parte do livro oposta ao corte das
folhas”, segundo o dicionário Houaiss. Trata-se de
uma metonímia (sinédoque) que se refere, ironicamente, ao uso de livros como objetos de decoração.
04. QUESTÃO - D
A resposta encontra-se no último período do texto, em
que o autor, de forma bem-humorada, considera que
o livro será apenas um item decorativo.
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