Leia o soneto “Vandalismo”, de Augusto dos Anjos, para responder às questões 1 e 2.
Meu coração tem catedrais imensas,Templos de priscas¹ e longínquas datas,Onde um nume de amor, em serenatas,Canta a aleluia virginal das crenças.Na ogiva² fúlgida e nas colunatasVertem lustrais irradiações intensasCintilações de lâmpadas suspensasE as ametistas e os florões e as pratas.Como os velhos Templários medievaisEntrei um dia nessas catedraisE nesses templos claros e risonhos…E erguendo os gládios³ e brandindo as hastas4,No desespero dos iconoclastas5Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
(Augusto dos Anjos. Eu e outras poesias, 2022.)
1 priscos: velhos.
2 ogiva: arco da arquitetura gótica.
3 gládio: espada.
4 hasta: lança.
5 iconoclasta: aquele que rejeita imagens religiosas.
01. QUESTÃO - Na última estrofe, o eu lírico descreve-se em um
momento que, em relação ao soneto como um todo,
simboliza
a) vingança.
b) desilusão.
c) coragem.
d) esperança.
e) saudade.
02. QUESTÃO - A temática escolhida e a maneira como são construídas
as imagens, principalmente nas duas primeiras estrofes,
são aspectos desse soneto que remetem ao
a) Dadaísmo.
b) Realismo.
c) Simbolismo.
d) Parnasianismo.
e) Arcadismo.
01. QUESTÃO - B
O eu lírico, ao afirmar “No desespero dos iconoclastas/
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!”, realça
sua insatisfação, a qual o leva à destruição das
imagens idolatradas por ele, o que caracteriza seu
comportamento destrutivo e niilista.
02. QUESTÃO - C
Embora a classificação literária da obra de Augusto
dos Anjos seja motivo de discordâncias por parte de
muitos teóricos, o poema “Vandalismo” apresenta
características simbolistas, como se pode observar
pela referência aos elementos religiosos (“catedrais
imensas”, “Templos de priscas” “aleluia virginal das
crenças”), bem como as expressões associadas à
claridade em “ogiva fúlgida” , “lustrais irradiações
intensas / Cintilações de lâmpadas suspensas”) ,
buscando-se , assim, o transcendente, ainda que, no
desfecho do poema, irrompa a iconoclastia.
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