(FMABC - 2023) - QUESTÃO

Leia o soneto “Vandalismo”, de Augusto dos Anjos, para responder às questões 1 e 2. 

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas¹ e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva² fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos…

E erguendo os gládios³ e brandindo as hastas4,
No desespero dos iconoclastas5
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

(Augusto dos Anjos. Eu e outras poesias, 2022.)
1 priscos: velhos.
2 ogiva: arco da arquitetura gótica.
3 gládio: espada.
4 hasta: lança.
5 iconoclasta: aquele que rejeita imagens religiosas.

01. QUESTÃO - Na última estrofe, o eu lírico descreve-se em um momento que, em relação ao soneto como um todo, simboliza 
a) vingança. 
b) desilusão. 
c) coragem. 
d) esperança. 
e) saudade.

02. QUESTÃO - A temática escolhida e a maneira como são construídas as imagens, principalmente nas duas primeiras estrofes, são aspectos desse soneto que remetem ao
a) Dadaísmo. 
b) Realismo. 
c) Simbolismo. 
d) Parnasianismo. 
e) Arcadismo. 




01. QUESTÃO - B
O eu lírico, ao afirmar “No desespero dos iconoclastas/ Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!”, realça sua insatisfação, a qual o leva à destruição das imagens idolatradas por ele, o que caracteriza seu comportamento destrutivo e niilista.

02. QUESTÃO - C
Embora a classificação literária da obra de Augusto dos Anjos seja motivo de discordâncias por parte de muitos teóricos, o poema “Vandalismo” apresenta características simbolistas, como se pode observar pela referência aos elementos religiosos (“catedrais imensas”, “Templos de priscas” “aleluia virginal das crenças”), bem como as expressões associadas à claridade em “ogiva fúlgida” , “lustrais irradiações intensas / Cintilações de lâmpadas suspensas”) , buscando-se , assim, o transcendente, ainda que, no desfecho do poema, irrompa a iconoclastia.

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