(ESA/CFS 2013-14) - QUESTÕES

Falta de educação e velocidade ( Texto de Interpretação)
Os anjos da morte estão cansados de nos recolher, a nós que nos matamos ou somos assassinados no
tráfego das estradas, cidades, esquinas deste país. Os anjos da morte estão exaustos de pegar restos de vidas botadas fora. Os anjos da morte andam fartos de corpos mutilados e almas atônitas. Os anjos da morte suspiram por todo esse desperdício.

Não sei se as propagandas que tentam aos poucos aliviar essa tragédia ajudam tanto a preservar vidas
quanto as intermináveis, ricas e coloridas propagandas de cerveja ajudam a beber mais e mais e mais,
colaborando para uma parte dessa carnificina. Mas sei que estou no limite. Não apenas porque abro jornais, TV e computador e vejo a mortandade em andamento, mas porque tenho observado as coisas em questão. Recentemente, dirigindo numa autoestrada, percebi um motorista tentando empurrar para o canteiro central um carro que seguia à minha frente na faixa esquerda, na velocidade adequada ao trajeto. Chegava provocadoramente perto, pertinho, pertíssimo, quase batia no outro, que se desviava um pouco lutando para manter-se firme no seu trajeto sem despencar.
[...]
Atenção: os jovens são – em geral, mas não sempre – mais arrojados, mais imprudentes, têm menos
experiência na direção. Portanto, são mais inclinados a acidentes, bobos ou fatais, em que a gente mata e morre. Mas há um número impressionante de adultos – mais homens do que mulheres, diga-se de passagem, porque talvez sejam biologicamente mais agressivos – cometendo loucuras ao dirigir, avançando o sinal, quase empurrando o veículo da frente com seu parachoque, não cedendo passagem, ultrapassando em locais absurdos sem a menor segurança, bebendo antes de dirigir, enfim, usando o carro como um punhal hostil [...].

Cada um se porta como quer – ou como consegue. Isso vem do caráter inato, combinado com a educação recebida em casa. Quando esse comportamento ultrapassa o convívio cotidiano e pode mutilar pais de família, filhos e filhas amados, amigos preciosos, ou seja lá quem for, então é preciso instaurar leis férreas e punições comparáveis. Que não permitam escapadelas nem facilitem cometer a infração com branda cobrança. Que não admitam desculpas e subterfúgios, não premiem o erro, não pequem por uma criminosa omissão.

Precisamos em quase tudo de autoridade e respeito, para que haja uma reforma generalizada, passando da desordem e do caos a algum tipo de segurança e bem-estar. [...]

Autoridade justa, mas muito rigorosa, é o que talvez nos deixe mais lúcidos e mais bem-educados: em casa, na escola, na rua, na estrada, no bar, no clube, dentro do nosso carro. E os fatigados anjos da morte poderão, se não entrar em férias, ao menos relaxar um pouco.
Lya Luft

Com base no texto acima responda as seguintes questões:

01. QUESTÃO

Depreende-se da leitura do Texto de Interpretação que
a) as propagandas contra a violência no trânsito são tão eficazes quanto as de cerveja.
b) motoristas inconsequentes e agressivos provocam acidentes de trânsito.
c) somente a educação de qualidade reverterá o caos presente no trânsito.
d) as mulheres não são capazes de violência no trânsito em função de sua natureza dócil.
e) o consumo de álcool é a principal causa de acidentes no trânsito.

02. QUESTÃO


No trecho do Texto de Interpretação: “Os anjos da morte andam fartos de corpos mutilados e almas
atônitas.”, a palavra em destaque pode ser substituída, sem prejuízo de significado no contexto e respectivamente, por
a) desesperançadas 
b) amaldiçoadas 
c) perplexas 
d) emocionadas
e) abnegadas

03. QUESTÃO

Na conclusão do Texto de Interpretação, a autora
a) mostra que nos últimos anos o consumo de álcool por menores tem aumentado muito.
b) analisa cientificamente o que leva os jovens a serem mais imprudentes no volante.
c) ressalta a importância de ações mais rígidas e justas contra motoristas infratores.
d) critica a ineficácia das propagandas que tentam coibir o consumo de álcool.
e) apresenta um Projeto de Lei para ajudar a diminuir o caos no trânsito.


01. QUESTÃO: B
A autora utiliza como argumentos casos em que ficam evidentes comportamentos agressivos e inconsequentes (imprudentes).

Justificativas das alternativas que não respondem à questão.

A) A autora afirma não saber ser as propagandas que tentam “aliviar essa tragédia” (inúmeras mortes no trânsito) são tão eficazes quanto as de cerveja.
C) A autora afirma categoricamente a necessidade de “leis férreas e punições comparáveis”.
D) No texto está dito que: “(...) há um número impressionante de adultos – mais homens do que mulheres, diga-se de passagem (...) cometendo loucuras ao dirigir (...)”. É possível observar que as mulheres também são capazes de cometer violência, embora, comparadas aos homens, estejam em menor número.
E) O álcool é apontado como uma das causas da violência no trânsito. Está dito que ele colabora para uma parte dessa carnificina.

02. QUESTÃO: C
No contexto, o adjetivo “atônitos” foi utilizado para expressar a admiração/ a surpresa/ a perplexidade provocada pela morte prematura e violenta.

Justificativas das alternativas que não respondem à questão.

A) O adjetivo “desesperançadas” significa “falta ou perda de esperança, descrença”; esse sentido não cabe no contexto.
B) O adjetivo “amaldiçoadas” é sinônimo de “aquele que se amaldiçoou, maldito, castigado, abandonado”; esse sentido não cabe no contexto.
D) O adjetivo “emocionadas” significa “tomadas pelo sentimento”; esse sentido não cabe no contexto.
E) O adjetivo “abnegadas” significa “que revela ou encerra abnegação; renuncia aos próprios interesses; sacrifica-se em benefício de outrem”; esse sentido não cabe no contexto.

03. QUESTÃO: C
No último parágrafo, a autora reafirma a necessidade do rigor aliado à justiça para provocar uma mudança de comportamento nas pessoas.

Justificativas das alternativas que não respondem à questão.

A) Embora as propagandas de cerveja sejam citadas, não é mostrado nenhum estudo acerca do consumo da bebida por parte dos jovens.
B) A perspectiva adotada pela autora, em todo o texto, é bem pessoal (atente para o uso da 1a pessoa em “eu sei”); parte de suas crenças e observações. Não é apontado nenhum dado comprovado cientificamente.
D) Na verdade, a autora nem chega a afirmar que essas propagandas são ineficazes, apenas deixa uma dúvida no ar logo no início do texto.
E) Embora a autora aponte para a necessidade de leis mais rigorosas no 4o parágrafo, em momento algum ela apresenta qualquer projeto.

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