Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.
Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.
Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; deem-me feijão com arroz
E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.
(Vinicius de Moraes. Livro de sonetos, 2009.)
01. QUESTÃO - No soneto, o eu lírico mostra-se
a) animado por comer tudo o que lhe causa prazer.
b) empolgado por conseguir comer com parcimônia.
c) incomodado com aqueles que comem além do necessário.
d) resignado com a necessidade de ter de fazer dieta.
e) ressentido com aqueles que conseguem se manter na dieta.
02. QUESTÃO - No soneto, o autor emprega o pronome “as” para se referir a
a) “saladas” (2ª estrofe)
b) “pastagens” (1ª estrofe)
c) “hóstias desbotadas” (1ª estrofe)
d) “manadas” (1ª estrofe)
e) “peras e maçãs” (2ª estrofe)
03. QUESTÃO - Verifica-se o emprego de vírgula para assinalar a elipse de um verbo no seguinte verso:
a) “Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta” (2ª estrofe)
b) “E eu morrerei, feliz, do coração” (4ª estrofe)
c) “E um bife, e um queijo forte, e parati” (4ª estrofe)
d) “Nem como os coelhos, roedor; nasci” (3ª estrofe)
e) “Cajus hei de chupar, mangas-espadas” (2ª estrofe)
A animação do eu lírico provém do fato de ele comer os alimentos de que ele gosta, não se importando com a quantidade de calorias que eles possuem e nem com os problemas de saúde que possam advir dessa ingestão. Descarta-se a alternativa b, porque o eu lírico não vai comer com parcimônia, isto é, pouco, com economia. Deseja regalar-se sem contenção.
O pronome oblíquo sempre tem referente já mencionado, como o “as” que foi empregado na segunda estrofe do soneto, verso 7, junto à forma verbal “deixo”, referindo-se aos termos anteriores “peras e maçãs”. Na primeira estrofe há dois artigos, que antecedem os substantivos “hóstias” e “pastagens” e um artigo “as” com fusão da preposição “a”, que gera “às” com acento grave, que antecede o substantivo “manadas”. Não há mais “as” nos dois últimos tercetos.
Em “ Nem como os coelhos, roedor; nasci”, a forma verbal “nasci” foi omitida antes de “roedor”: Nem como os coelhos, nasci roedor; nasci/ Omnívoro.
Coloca muito mais exercicios de interpretação de bancas que cobram exercicios parecidos com os da esa... Tá mt top! Parabéns pelo trabalho
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