O MURO
É um velho paredão, todo gretado1,
Roto2 e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensanguentado
E num pouco de musgo em cada fenda.
Serve há muito de encerro a uma vivenda3;
Protegê-la e guardá-la é seu cuidado;
Talvez consigo esta missão compreenda,
Sempre em seu posto, firme e alevantado.
Protegê-la e guardá-la é seu cuidado;
Talvez consigo esta missão compreenda,
Sempre em seu posto, firme e alevantado.
Horas mortas, a lua o véu desata,
E em cheio brilha; a solidão se estrela
Toda de um vago cintilar de prata;
E em cheio brilha; a solidão se estrela
Toda de um vago cintilar de prata;
E o velho muro, alta a parede nua,
Olha em redor, espreita a sombra, e vela,
Entre os beijos e lágrimas da lua.
Olha em redor, espreita a sombra, e vela,
Entre os beijos e lágrimas da lua.
(Parnasianismo, 2006.)
1 gretado: rachado.
2 roto: danificado.
3 vivenda: pequena casa de campo.
É uma característica do Parnasianismo encontrada no
poema:
a) entendimento místico da vida como uma missão.
b) submissão do eu lírico a um tempo implacável que a tudo destrói.
c) elogio à serenidade do envelhecimento, como alternativa aos descaminhos da juventude.
d) expressão da intensidade dos sentimentos por meio de descrições cifradas.
e) descrição minuciosa de objetos, sem menção a um eu que os observa.
a) entendimento místico da vida como uma missão.
b) submissão do eu lírico a um tempo implacável que a tudo destrói.
c) elogio à serenidade do envelhecimento, como alternativa aos descaminhos da juventude.
d) expressão da intensidade dos sentimentos por meio de descrições cifradas.
e) descrição minuciosa de objetos, sem menção a um eu que os observa.
Nesse poema, há a impassibilidade parnasiana, pois
não existe a manifestação emocional do eu lírico.
Notam-se, além disso, a descrição minuciosa do muro,
o registro culto, a rima rica, a forma clássica do
soneto. Essas características são típicas do Parnasianismo.
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