(UNIP 2023) - QUESTÃO

Leia o soneto “O caminho do morro”, do poeta parnasiano Alberto de Oliveira, para responder às questões de 01 a 04.

Guiava à casa do morro, em voltas, o caminho,
Até lhe ir esbarrar com as orlas do terreiro;
Dava-lhe o doce ingá¹, rachado ao sol, o cheiro,
E um rumor de maré o cafezal vizinho.

Quanta vez o subi, buscando a um guaxe² o ninho,
Ou, saltando, o desci com o regato ligeiro,
Para voar num balanço, embaixo, o dia inteiro,
E ver girar, zonzando, as asas de um moinho!

De setembro até março uma colcha de flores
Tapetava-o. Reluz-lhe em poças de água o céu;
Das folhas sobre o saibro os orvalhos escorrem...

Mas morreram na casa, em cima, os moradores,
Morreu, caindo, a casa, o moinho morreu,
O caminho morreu... Até os caminhos morrem!

(Sânzio de Azevedo (org.). Parnasianismo, 2006.)

¹ ingá: uma fruta.
² guaxe: uma espécie de ave.

01. QUESTÃO - No soneto, o eu lírico mostra-se
a) ambíguo e contraditório.
b) arrependido e desolado.
c) aborrecido e inconformado.
d) dissimulado e irônico.
e) nostálgico e melancólico.

02. QUESTÃO - A poesia parnasiana afasta-se da poesia romântica por ser mais contida do que efusiva e emotiva. Pode ser considerado menos efusivo e emotivo o seguinte verso: 
a)“Quanta vez o subi, buscando a um guaxe o ninho,” (2ª estrofe) 
b)“Guiava à casa do morro, em voltas, o caminho,” (1ª estrofe) 
c)“Ou, saltando, o desci com o regato ligeiro,” (2ª estrofe) 
d)“E ver girar, zonzando, as asas de um moinho!” (2ª estrofe) 
e)“O caminho morreu... Até os caminhos morrem!” (4ª estrofe)

03. QUESTÃO - No soneto, está empregado em sentido figurado o seguinte verbo:
a) “Reluz” (3ª estrofe).
b) “escorrem” (3ª estrofe).
c) “Tapetava” (3ª estrofe).
d) “desci” (2ª estrofe).
e) “girar” (2ª estrofe).

04. QUESTÃO - O núcleo do sujeito do verbo sublinhado na primeira estrofe é 
a) “terreiro”.
b) “caminho”.
c) “ingá”.
d) “morro”.
e) “cheiro”.







01. QUESTÃO - E
Nos versos, o eu lírico descreve saudosamente o caminho do morro por ele percorrido, onde, no passado, encontrava frutas, sentia o cheiro do cafezal, subia nas árvores, descia pelo regato, observava as flores. No entanto, no momento presente, nada mais há desse tempo longínquo, nem mesmo os moradores. A morte dos habitantes e a destruição desse ambiente trazem forte melancolia e nostalgia ao eu poemático.

02. QUESTÃO - B
No verso inicial, do soneto, o eu lírico limita-se à informação de que “o caminho guiava à casa do morro”, sem apresentar qualquer indício de emotividade ou tom efusivo. Nas demais alternativas, o emprego da primeira pessoa do singular e o tom exclamativo evidenciam nos versos a função emotiva ou expressiva.

03. QUESTÃO - C
Tapetar está empregado no sentido figurado, simboliza a grande quantidade de flores que de setembro até março cobria o caminho percorrido pelo eu lírico. No sentido literal, tapetar significa cobrir com tapete.

04. QUESTÃO - C
O núcleo do sujeito “ingá” aparece posposto ao verbo dar. Na ordem direta, sem a oração intercalada “rachado ao sol”, tem-se a seguinte construção: O doce ingá dava-lhe o cheiro.

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