(SANTA CASA 2023) - QUESTÃO

Leia o soneto de Luís de Camões para responder às questões de 1 a 3.

Qual tem a borboleta por costume,
que, enlevada¹ na luz da acesa vela,
dando vai voltas mil, até que nela
se queima agora, agora se consome,

tal eu correndo vou ao vivo lume
desses olhos gentis, Aónia bela;
e abraso-me, por mais que com cautela
livrar-me a parte racional presume.

Conheço o muito a que se atreve a vista,
o quanto se levanta o pensamento,
o como vou morrendo claramente;

porém, não quer Amor que lhe resista,
nem a minha alma o quer; que em tal tormento,
qual em glória maior, está contente.
(Luís de Camões. Sonetos, 1942.)
¹enlevada: atraída, fascinada.

01. QUESTÃO - No soneto, o eu lírico
a) compara-se a uma borboleta e os olhos de Aónia a uma vela acesa.
b) compara Aónia a uma borboleta e os olhos dela a uma vela acesa.
c) compara-se a um vivo lume e Aónia a uma borboleta.
d) compara Aónia a uma borboleta e os olhos dela à luz de uma vela acesa.
e) compara-se a um vivo lume e Aónia a uma vela acesa.

02. QUESTÃO - No soneto, o eu lírico dirige-se, mediante vocativo,
a) à vela.
b) a Amor.
c) à borboleta.
d) a Aónia.
e) à própria alma.

03. QUESTÃO - No trecho “em tal tormento, / qual em glória maior, está contente.”, o eu lírico faz uso do seguinte recurso retórico: 
a) pleonasmo. 
b) eufemismo. 
c) paradoxo. 
d) sinestesia. 
e) personificação.




01. QUESTÃO - A
Resolução: O eu lírico compara seu comportamento ao de uma borboleta que se sente atraída pela luz da vela acesa, a qual é associada ao olhar de Aónia.

02. QUESTÃO - D
Nos versos “tal eu correndo vou ao vivo lume/ desses olhos gentis, Aónia bela”, o eu lírico dirige-se à amada por meio do vocativo “Aónia bela”.

03. QUESTÃO - C
No fragmento “em tal tormento, / qual em glória maior, está contente.”, o eu lírico vale-se da contra - dição, uma vez que ele se manifesta contente a partir do tormento amoroso que vive. Desse modo, ao se igualarem conceitos opostos, tem-se a figura de pensamento denominada paradoxo.

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