Soneto de Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
DE MORAES, V. Soneto de Fidelidade., 1939. Disponível em: https://www.culturagenial.com/poema-soneto-de-fidelidade-de-vinicius-de-moraes/. Acesso em: 11 abr. 2024.
A partir do Soneto de Fidelidade (Texto VIII) e das declarações destacadas na enumeração a seguir, assinale a alternativa que melhor justifica a sua versificação:
I- É um poema escrito em redondilha maior, com versos de sete sílabas, chamados de heptassílabos.
II- É um poema com versos decassílabos ou alexandrinos, agrupados em duas quadras e em dois tercetos.
III- Os versos são compostos por três rimas, “ento”, “ure” e “ama”.
IV- Os versos possuem tercetos não tradicionais aos que se estudam em sonetos italianos.
Ⓐ Apenas a I está correta.
Ⓑ As opções I, II e III estão erradas.
Ⓒ As opções II e IV estão corretas.
Ⓓ As opções II, III e IV estão corretas.
Ⓔ Todas as declarações estão erradas.
Vamos analisar:
Forma → É um soneto clássico, ou seja, 14 versos, organizados em 2 quartetos e 2 tercetos.
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Métrica → Os versos são decassílabos (não redondilha maior).
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Rimas → Não há apenas três rimas. Veja:
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atento / tanto / encanto / pensamento (rima em -ento)
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momento / canto / pranto / contentamento (rima em -ento)
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procure / vive (não rimam)
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ama / chama (rima em -ama)
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tive / dure (rima em -ive / -ure), ou seja, o esquema não se resume a três rimas bem definidas, há variação.
Revisando as alternativas:
I. Fala em redondilha maior (heptassílabos) → Falso.
II. Diz que são decassílabos ou alexandrinos, em duas quadras e dois tercetos. Parece verdadeiro, mas atenção: os versos não são alexandrinos (12 sílabas). O enunciado usa “ou” de forma imprecisa → isso invalida.
III. Diz que só há três rimas (“ento”, “ure” e “ama”). Já vimos que não é bem assim.
IV. Afirma que os tercetos são não tradicionais. Na verdade, o soneto segue a tradição, apenas com liberdade poética nas rimas.
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